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O efeito positivo ou negativo que a dieta pode ocasionar sobre a saúde humana já é sabido há muito tempo. Nos países industrializados, uma dieta com muita gordura é a causa de doenças crônicas, como obesidade, hipertensão e diabetes. Por outro lado, nos países em desenvolvimento, quando a dieta predominante é de baixo valor nutricional temos graves deficiências nutricionais que pode levar até a morte. Retardar ou evitar o surgimento das doenças é um dos crescentes interesses na compreensão da nutrição alimentar, que tem como objetivo proteger a saúde dos indivíduos. Na verdade, os consumidores estão mais conscientes do vínculo entre alimentos e saúde, o que explica o motivo de uma crescente demanda de alimentos que promovam a boa saúde, como os denominados alimentos funcionais1. O termo alimento funcional foi utilizado pela primeira vez no Japão em meados da década de 19802. Além de produzir nutrientes, os alimentos funcionais têm uma influência positiva na saúde dos indivíduos, ajudando a reduzir o risco de contrair determinadas doenças3,4. A Comissão Europeia sobre Ciência de Alimentos Funcionais (FUFOSE) publicou um documento que afirma que um alimento pode ser considerado funcional se for demonstrado satisfatoriamente que, além de seu valor nutricional, desempenha uma ou mais funções benéficas para o corpo, produzindo assim um estado de bem-estar e reduzindo o risco de determinadas doenças5. Nesse sentido, o consumo de frutas juntamente com as suas riquezas de componentes pode torná-las como alimentos funcionais para melhorar a qualidade de vida da população.

              O Brasil apresenta uma riqueza de frutas devido à sua ampla biodiversidade e a busca de produtos bioativos de plantas está aumentando cada vez mais, o que confirma o país como um importante hotspot. No entanto, inúmeras plantas brasileiras nativas não são otimamente utilizadas. Esta é uma consequência da intensa destruição da vegetação nativa, bem como a miscigenação das culturas nos últimos séculos, o que contribuiu para a popularização de plantas exóticas e não indígenas e nativas para cozinhar e produzir medicamentos6.

            As frutas tropicais foram amplamente cultivadas para fins comerciais de subsistência e locais até a década de 1970, quando os volumes de comércio se expandiram, esses frutos começaram a ser percebidos como opções economicamente interessantes às culturas de exportação tradicionais. Hoje em dia, uma vez que o mercado de frutas tropicais evoluiu significativamente, os prêmios de preços baseados na novidade praticamente desapareceram, sendo substituídos por prêmios baseados em qualidade. A produção mundial de frutas tropicais atingiu cerca de 82 milhões de toneladas em 20097, com um valor total de US $ 5,4 bilhões, tendo a manga como uma variedade dominante.

            Uma classificação importante que as frutas vem apresentando é o termo superfruta e espécies de nossa biodiversidade receberam essa denominação como por exemplo o açaí (Euterpe oleracea), acerola (Malpighia emarginata DC), caja (Spondias mombin L.), goiaba (Psidium guajava L.), soursop (Annona muricata L.), manga (Mangifera indica L.), abacaxi (Ananas comosus L.) e tamarindo (Tamarindus indica L.)8. O termo superfruta ganhou crescente utilização e atenção recentemente com a estratégia de marketing para promover os benefícios extraordinários para a saúde de algumas frutas exóticas, que talvez não tenham popularidade mundial. Os benefícios para a saúde das superfrutas têm sido fundamentais no seu sucesso como ingredientes para empresas de alimentos e como fonte de novos sabores para os consumidores. As superfrutas são consideradas "super" por cientistas de nutrição, pois são embaladas com níveis extremamente altos de antioxidantes, fibras, vitaminas, minerais e outros nutrientes que melhoram a saúde. Esta contribuição discute composições fitoquímicas, eficiências antioxidantes e potenciais benefícios para a saúde das superfrutas principais9. Segundo Paz e colaboradores8 a acerola e o açaí apresentaram os maiores valores totais de compostos fenólicos e flavonoides, além de atividade antioxidante, enquanto que os extratos de tamarindo podem ser estudados na prevenção ou tratamento adjuvante de doenças em animais e humanos causados por P. aeruginosa, E. coli, L. monocytogenes, Salmonella sp. e S. aureus. Além disso, em termos de segurança e preservação dos alimentos, também pode ser usado para preservar naturalmente alimentos e bebidas do crescimento microbiano, aumentando assim a sua vida útil. Os extratos de açaí e tamarindo apresentaram uma relação inversa entre atividades antibacterianas e antioxidantes e, portanto, a atividade antibacteriana não pode ser atribuída (somente) a compostos fenólicos. Além disso, as capacidades antioxidantes medidas dentro dos extratos dos frutos testados não podem ser atribuídas apenas aos seus teores fenólicos, mas também a outros compostos com capacidade antioxidante, o que pode contribuir para a quantidade de antioxidante final isolada ou atuar de forma sinérgica ou antagônica.

1. Peres, C.M., Peres, C., Hernández-Mendoza, A., Malcata, F.X. Review on fermented plant materials as carri- ers and sources of potentially probiotic lactic acid bacteria - With an emphasis on table olives. Trends in Food Science and Technology, 26(1): 31–42, 2012.

2. Chonan, O. FOSHU Japanese regulations for probiotic foods. In Y. Takeda (Ed.), Probiotic foods in health and disease. Science publishers. (pp. 33–40). Enfield, USA: CRC Press, 2011.

3. Stringheta, P.C., Oliveira, T.T., Gomes, R.C., Amaral, M.P.H., Carvalho, A. F. Vilela, M.A.P. Health policies and functional property and health claims for food in Brazil. Brazilian Journal of Pharmaceuticals Science 43(2): 181–194, 2007;

4. Cencic, A., Chingwaru, W.The role of functional foods, nutraceuticals, and food supplements in intestinal health. Nutrients, 2(6): 611–625, 2010.

5. Evangelisti, F., Restani, P. Gli alimenti funzionali. In Prodotti dietetici - Chimica Tecnologia ed Impiego. Padova, Italy: Editore Piccin, 457–480, 2011.

6. Brandão, M. G. L., Grael, C. F. F., Fagg, C. W. (2011). European naturalists and medicinal plants of Brazil. In O. Grillo, & G. Venora (Vol. Eds.), Biological diversity and sustainable resources use. vol. 101–120 Croatia: Intech (158pp).

7. FAO (Food and Agricultural Organization of the United Nations). Trade and markets – Current situation and medium-term outlook for tropical fruits.(2011). <http://www.fao.org/economic/est/est-commodities/tropical-fruits/en/> Acessado 14.06.16.

8. Paz M., Gúllon P., Barroso M.F., Carvalho A.P., Domingues V.F., Gomes A.M., Becker H., Longhinotti E., Delerue-Matos C. Brazilian fruit pulps as functional foods and additives: Evaluation of bioactive compounds. Food Chemistry 172:462–468, 2015.

9. Chang S.K., Alasalvar C., Shahidi F. Superfruits: Phytochemicals, antioxidant efficacies, and health effects – A comprehensive review. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, 23:1-25, 2018)